(Aos meus filhos e netos. Ao fundo, uma canção do Renato Russo...)
Quanto espanto temos diante do mundo!...
Na idade da razão tudo parece ainda tão novo,
a nos ferir as retinas.
Ao se afastarem nossos filhos, menino e meninas,
o coração padece
o coração padece
e abre-se um espaço profundo para dúvidas,
incertezas e esperanças :
Quando voltarão nossas crianças ?
O coração se ilumina e diante das orações,
o horizonte por certo se alarga .
Mas a distância é um açoite,
os minutos se arrastam no chão da noite incerta.
Há tempos, os sonhos vêm e vão
- uns, pesadelos; outros, não .
Um deserto prolongado se instalou nesta casa
e o encanto escapou por entre os dedos.
As portas foram abertas, os filhos ganharam asas
e o futuro chegou mais cedo...
Tudo se repete.
Como se não houvesse amanhã, tudo se repete.
Tentamos a mágica de um beijo
e enviamos numa carta.
Mas parece tão tarde...
Ilusão descarada!
A terra permanece no seu eixo,
ali, parada, displicente
e descarta qualquer atalho, no maior topete,
na maior desfaçatez.
Cada um tem sua vez no baralho
para enfrentar face a face sua própria razão.
Que assim seja, que Deus os proteja
e os faça voltar antes das três.
É hora de marcar presença,
gravar a imagem na Terra, buscar a certeza,
a compaixão e a fortaleza
daquela canção que ficou na memória.
É tempo de construir com um tiro
ou uma flor a própria vida, a história.
"É preciso amar as pessoas..."
-como se não houvesse saída, ser verme ou estrela.
Optar de vez por este ou por aquela,
ganhar a guerra e fundar seu território de paz.
Como o filho que se rebela, ir até à esquina,
repetir o estribilho : "como eles... jamais!".
Depois voltar -mente sã- vestido de perdão,
aceitar a sina, colocar-se de plantão,
como nossos pais.
Mais : como os pais dos pais dos nossos pais...
-capitulamos por fim numa bela manhã.
Pois, quando o sol matinal bater novamente,
abriremos de par em par a janela do quarto.
Apagaremos cada vela que acendemos;
calmamente, secaremos cada lágrima vertida.
Cuidaremos assim do corte e das feridas.
Seremos fortes, nuvens contra o dragão,
o bem frente ao mal, destino versus sorte...
Cada raio quente do sol será um novo parto,
com certeza, a compensar nossos danos,
buscando as soluções verdadeiras,
ajustando o norte, remendando os panos,
reparando, definitivamente, almas e corações ...
buscando as soluções verdadeiras,
ajustando o norte, remendando os panos,
reparando, definitivamente, almas e corações ...
O mundo é assim, parece diferente,
mas é sempre muito perfeito e igual.
e nem sempre estamos de partida,
às vezes, por fim, também chegamos.
sorrateira, sem piedade ou clemência.
Pais da incerteza, nem sempre constelação,
às vezes, somos ilhas se ficamos tão sós,
-os dois- desatando nós, ainda por um tempo,
à beira deste lago reluzente de saudade.
De repente é pura festa, todos juntos à mesa,
que assim seja: pais e filhos em profunda harmonia!
Por que é domingo, sob o mesmo teto, em família,
urge que aprendamos a grande lição da existência:
A vida continua, tudo pago, ninguém deve nada,
o trem permanece nos trilhos, tudo certo.
Após a macarronada, outra questão surge
- mas fica, portanto, para segunda:
Terão nome de santo os nossos netos ?
Autor:Expedito Gonçalves Dias (Profex)
Escrito em 17/03/96 em Lambari-MG, as 23 h
http://wirnalves.blogspot.com/2010/08/cafe-com-lenza.html; http://celestefeliz.blogspot.com/2010/09/pais-e-filhos.html
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